Coesão textual x Coerência textual

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Muito se ouve falar de Coesão Textual e de Coerência Textual. Mas afinal, o que é isso?
Para que um texto tenha o seu sentido completo, ou seja, transmita a mensagem pretendida, é necessário que esteja coerente e coeso. Na construção de um texto, assim como na fala, usamos mecanismos para garantir ao interlocutor a compreensão do que é dito ou lido.
Em resumo, podemos dizer que a COESÃO trata da conexão harmoniosa entre as partes do texto, do parágrafo, da frase. Ela permite a ligação entre as palavras e frases, fazendo com que um dê sequência lógica ao outro. A COERÊNCIA é a relação lógica entre as ideias, fazendo com que umas complementem as outras, não se contradigam e formem um todo significativo que é o texto.
Falar em coesão é necessariamente falar em endófora e exófora. Aquela se impõe no emprego de pronomes e expressões que se referem a elementos nominais presentes na superfície textual; esta faz remissão a um elemento fora dos limites do texto. Vejamos as principais características de cada uma delas:

·    Endófora é dividida em: anáfora e catáfora.

a) Anáfora: expressão que retoma uma ideia anteriormente expressa.
"Secretária de Educação escreve pichação com "x". Ela justifica a gafe pela pressa".

Observe que o pronome "Ela" retoma uma expressão já citada anteriormente - Secretária de Educação - , portanto trata-se de uma retomada por anáfora.


Dica: vale lembrar que a expressão retomada (no exemplo acima representada pela porção Secretária de Educação) é, também, chamada, em provas, dereferente ideológico.

b) Catáfora: pronome ou expressão nominal que antecipa uma expressão presente em porção posterior do texto. Observe:

Só queremos isto: a aprovação!

No exemplo, o pronome "isto" só pode ser recuperado se identificarmos o termoaprovação, que aparece na porção posterior à estrutura. É, portanto, um exemplo clássico de catáfora. Vejamos outros:
Eu quero ajuda de alguém: pode ser de você.
(catáfora ou remissão catafórica)


Não viu seu amigo na festa.
(catáfora ou remissão catafórica)

"A manicure Vanessa foi baleada na Tijuca. Ela levou um tiro no abdome". 
(anáfora ou remissão anafórica)

Três homens e uma mulher tentaram roubar um Xsara Picasso na Tijuca: deram 10 tiros no carro, mas não conseguiram levá-lo. (anáfora ou remissão anafórica)


·          
Exófora: a remissão é feita a algum elemento da situação comunicativa, ou seja, o referente está fora da superfície textual


·    Mecanismos de coesão: é o meio pelo qual ocorre a coesão em um texto. Os principais são:

1) Coesão por substituição: consiste na colocação de um item em lugar de outro(s) elemento(s) do texto, ou até mesmo de uma oração inteira.

Ele comprou um carro. Eu também quero comprar um.
Ele comprou um carro novo e eu também.

Observe que ocorre uma redifinição, ou seja, não há identidade entre o item de referência e o item pressuposto. O que existe, na verdade, é uma nova definição nos termos: um, também. Comparemos com outro exemplo:

Comprei um carro vermelho, mas Pedro preferiu um verde.

O termo "vermelho" é o adjunto adnominal de carro. Ele é, então, o modificador do substantivo.Todavia, esse termo é silenciado e, em seu lugar, faz-se presente a porção especificativa "verde". Logo, trata-se de uma redefinição do referente.


2) Coesão por elipse: ocorre quando elemento do texto é omitido em algum dos contextos em que deveria ocorrer.

-Pedro vai comprar o carro?
- Vai!

Houve a omissão dos termos Paulo (sujeito) e comprar o carro (predicado verbal), todavia essa não prejudicou nem a correção gramatical nem a clareza do texto. Exemplo clássico de coesão por elipse.

3) Coesão por Conjunção: estabelece relações significativas entre os elementos ou orações do texto, através do uso de marcadores formais - as conjunções. Essas podem exprimir valor semântico de adição, adversidade, causa, tempo...

Perdeu as forças e caiu. (adição)
Perdeu as forças, mas permaneceu firme. (adversidade)
Perdeu as forças, porque não se alimentou. (causa)
Perdeu as forças, quando soube a verdade. (tempo)

Observe que todas as relações de sentido estabelecidas entre as duas porções textuais são feitas por meio dos conectores: e, mas, porque, quando.

4) Coesão Lexical: é obtida pela seleção vocabular. Tal mecanismo é garantido por dois tipos de procedimentos:

a) Reiteração: ocorre por repetição do mesmo item lexical ou através de hiperônimos, sinônimos ou nomes genéricos.

O aluno estava nervoso. O aluno havia sido assaltado. (repetição do mesmo item lexical)


Uma menina desapareceu. A garota estava envolvida com drogas.
(coesão resultante do uso de sinônimo)


Havia muitas ferramentas espalhadas, mas só precisava achar o martelo.
(coesão por hiperônimo: ferramentas é o gênero de que martelo é a espécie)

Todos ouviram um barulho atrás da porta. Abriram-na e viram uma coisa em cima da mesa.
(coesão resultante de um nome genérico)

Observação: nos exemplos acima, observamos que retomar um referente por meio de uma expressão genérica ou por hiperônimo é um recurso natural de um texto.
Muitos estudantes de concursos ou vestibulares perguntam se é errado repetir palavras em suas redações. A resposta é simples: se houver, na repetição, finalidade enfática você não será penalizado. Todavia, a escolha dos recursos coesivos mais adequados deve ser feita, levando-se em consideração a articulação geral do texto e, eventualmente, os efeitos estilísticos que se deseja obter.

b)Coesão por colocação ou contiguidade: consiste no uso de termos pertencentes a um mesmo campo semântico.

Houve um grande evento nas areias de Copacabana, no último dia 02.
O motivo da festa foi este: o Rio sediará as olimpíadas de 2016.




Referência 1  





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